O setor europeu da construção enfrentou outro ano difícil em 2024, com a atividade global na zona euro a contrair-se 2,4%. O mercado europeu de equipamentos de construção registou um declínio substancial de 19%. Estes declínios seguiram-se ao abrandamento registado em 2023, impulsionado pelos elevados custos de construção, pela inflação persistente e pelo aumento das taxas de juro, bem como pelos receios de recessão e pela deterioração da crise geopolítica. Estas são algumas das conclusões do Relatório Económico Anual 2025, apresentado pela CECE numa conferência de imprensa na Bauma.
"O atual ambiente geopolítico está a criar mudanças e incerteza nas condições macroeconómicas na Europa. Ainda é muito cedo para saber exatamente se os novos investimentos na defesa também terão um impacto positivo no setor da maquinaria pesada e como o renovado potencial de investimento alemão em infraestruturas terá um efeito positivo nas despesas gerais de construção. A Bauma, a maior e mais importante feira comercial do mundo para a indústria, terá certamente um efeito positivo no sentimento empresarial, mas não contribuirá por si só para gerar uma procura adicional", salienta o presidente da CECE, José Antonio Nieto.
Embora os projetos relacionados com infraestruturas e energia tenham revelado alguma estabilidade, a atividade global do mercado foi condicionada pela fraca procura e pela redução do investimento. Uma tendência significativa no ano passado foi o declínio acentuado da construção residencial, especialmente na Alemanha, França e Suécia. Os elevados custos dos empréstimos e a diminuição da confiança dos consumidores prejudicaram a construção de novas habitações, enquanto os trabalhos de reparação e manutenção também diminuíram devido à incerteza económica. A construção não residencial também teve um desempenho fraco, afetada pela debilidade dos mercados de escritórios e de retalho. No entanto, a logística e a construção industrial mantiveram-se estáveis, apoiadas por investimentos contínuos em infraestruturas da cadeia de abastecimento.
Prevê-se que o setor europeu da construção recupere lentamente a partir de 2025, impulsionado por investimentos públicos, políticas ecológicas e grandes projetos de infraestruturas. A engenharia civil continuará a ser um dos principais motores de crescimento, enquanto a construção residencial e não residencial estabilizará gradualmente. O financiamento da UE e os objetivos de transição energética apoiarão a expansão das infraestruturas, proporcionando uma base sólida para o crescimento. Após três anos de declínio, prevê-se que a produção aumente 1,1% em 2025 e acelere para 1,8% em 2026. As taxas de juro mais baixas e a melhoria das condições económicas irão impulsionar a procura, especialmente no sector da habitação. Apesar de desafios como a escassez de mão de obra e os custos dos materiais, as iniciativas de digitalização e sustentabilidade desempenharão um papel crucial para garantir o crescimento a longo prazo.
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