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Informação para a Indústria de Construção Civil, Obras Públicas e setor mineiro
“O mercado interno tem mostrado sinais positivos, com um aumento na procura impulsionado pelo crescimento da construção civil”

Entrevista com Célia Marques, vice-presidente executiva da Assimagra

Ana Ferreira22/07/2024

Numa altura em que a necessidade de construção em Portugal aumenta, conjuntamente com o aumento da consciencialização do público em geral pela sustentabilidade das indústrias, surge a necessidade de olhar para o setor da extração mineira. Célia Marques, vice-presidente executiva da Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (Assimagra) traça um panorama e estado de arte do setor, abordando as estratégias que estão a ser implementadas, os seus resultados e perspetivas.

Célia Marques, vice-presidente executiva da Assimagra
Célia Marques, vice-presidente executiva da Assimagra.

O combate às alterações climáticas tem como principais bandeiras a transição energética das indústrias e a redução de consumo de energia. A extração mineira e pedra natural não ficam de fora. Como está o setor a trabalhar esta descarbonização?

Quer a indústria mineira, quer a da pedra natural, em Portugal, deparam-se com significativos desafios no âmbito da sua descarbonização e consequente transição energética. Esta transição engloba uma alteração gradual da utilização das fontes de energia substituindo as de origem fósseis por renováveis, mas também a implementação de tecnologias mais eficientes em termos energéticos e a adoção de práticas de gestão ambiental que minimizem a pegada de carbono. As empresas estão atualmente a percorrer essa transição energética, investindo cada vez mais em equipamentos híbridos e elétricos, além de adotarem tecnologias que permitem a redução de emissões durante o processo de extração e processamento. Em termos coletivos, o setor está ainda a trabalhar no seu Roteiro de Descarbonização (ROADto2050), aprovado no âmbito do PRR, que vem dotar as empresas de ferramentas de cálculo da pegada carbónica individual, e estabelecer as metas a adotar para a transição para uma economia de baixo carbono até 2030, 2040 e 2050.

Ainda relacionado com a sustentabilidade, qual o impacto que a necessidade de adoção de práticas e maquinaria sustentável está a ter nas empresas do setor? As empresas estão já a implementar práticas e maquinaria híbrida ou elétrica?

A adoção de práticas e tecnologia sustentável tem tido um impacto significativo nas empresas do setor. Há um aumento dos custos iniciais devido ao investimento em novos equipamentos e tecnologias, mas a longo prazo, as empresas esperam reduzir custos operacionais e melhorar a sua eficiência energética. Muitas empresas estão já a implementar equipamentos híbridos ou elétricos e a adotar práticas de economia circular, como a reutilização de resíduos e subprodutos de pedra.

“O setor está a trabalhar no seu Roteiro de Descarbonização (ROADto2050), aprovado no âmbito do PRR, que vem dotar as empresas de ferramentas de cálculo da pegada carbónica individual e estabelecer as metas a adotar para a transição para uma economia de baixo carbono”
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A Assimagra enquanto associação que representa o setor da mineração e extração mineira em Portugal, está a dinamizar projetos e agendas mobilizadores verdes financiadas também pelo PRR. Como estão as empresas a encarar esses projetos? Demonstram muito interesse?

As empresas do setor têm demonstrado um interesse crescente nos projetos mobilizadores e agendas verdes do setor. O financiamento através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem sido um incentivo adicional, e uma oportunidade para as empresas se modernizarem, inovarem e se alinharem com as novas exigências ambientais e de mercado, cada vez mais competitivo e exigente. Da parte da Assimagra estamos a trabalhar na pegada ambiental dos produtos mais comuns do setor em Portugal, oferecendo às empresas inputs aos diferentes esquemas de certificação da construção, envolvendo e sensibilizando para os desafios associados à sustentabilidade e às novas exigências Europeias e do reporting ESG (Environment, Social and Governance).

Com um importante foco na expansão para mercados externos, a Assimagra está concentrada em levar a marca Portugal além fronteiras. Qual o impacto da marca StonebyPortugal no mercado e no setor?

A marca StonebyPortugal tem ajudado a aumentar a visibilidade e a reputação da pedra natural portuguesa nos mercados internacionais, a par com inúmeras outras iniciativas coletivas e individuais das empresas. Esta marca tem promovido a qualidade e a sustentabilidade das pedras portuguesas, aumentando a confiança dos clientes e abrindo novas oportunidades de negócios.

E de que forma está a fazer crescer a exportação de pedra nacional?

O setor da pedra natural portuguesa, tem vindo a demonstrar uma resiliência notável, posicionando-se como um vetor de estabilidade e potencial crescimento dentro do panorama económico nacional. A capacidade deste setor em adaptar-se às dinâmicas de mercado, aliada à qualidade reconhecida dos seus produtos, contribuiu de forma significativa para a manutenção do seu desempenho económico, ano após ano, reforçando a importância estratégica da indústria extrativa nacional no contexto da economia global. As exportações de pedra natural para fins ornamentais, em 2022 e 2023 registaram valores de desempenho record, com exportações na ordem dos 500 milhões de euros. Contudo, a previsão para 2024 é de abrandamento significativo, fruto da crise que se verifica na Europa. Se, por um lado, há mercados externos que se vão consolidando, por outro, há fenómenos imprevisíveis, em rápida evolução, nos quais as empresas necessitam de operar, tais como os conflitos geopolíticos em grande escala Israel-Hamas no Médio Oriente e Ucrânia na Europa, bem como as tensões crescentes na Ásia-Pacífico, que em muito impactam a evolução das exportações deste setor de atividade.

De uma forma mais macro, qual o peso das exportações no setor no primeiro semestre deste ano?

Os últimos dados provisórios que reportam a abril de 2024 mostram uma retração no volume de negócio mundial, com menos 20 milhões de euros transacionados em relação ao acumulado de abril de 2023, fortemente condicionados pela retração do volume de exportações para os países da União Europeia. A leitura dos dados macro indica uma tendência negativa nos comportamentos dos diversos mercados globais, com fortes retrações na maioria dos 10 destinos cimeiros da pedra natural portuguesa, em grande parte destinos europeus. Mantém-se, no entanto exceções como são o caso do Vietname e Koweit. Até abril, o setor exportou 151 milhões de euros, tendo transacionado cerca de 575 mil toneladas de produto. A valorização do produto apresenta um crescimento, face ao mesmo período de 2023, de 4,83%, com registos de exportação para 111 países.

Olhando para o mercado interno, qual o balanço que fazem do primeiro semestre do ano?

O mercado interno tem mostrado sinais positivos, com um aumento na procura impulsionado pelo crescimento da construção civil. As empresas do setor estão a sentir os efeitos positivos desse crescimento, embora ainda enfrentem desafios, como a escassez de mão-de-obra e o agravamento dos custos de contexto.

Em termos de mão-de-obra sabemos que vários setores estão em dificuldades, não sendo portanto um problema exclusivo do setor da mineração e extração mineira. Qual o ponto de situação neste momento no setor? Já se conseguiu equilibrar o défice de mão de obra? Como está a lidar o setor com esta escassez?

A indústria extrativa em Portugal, tal como outras indústrias, enfrenta desafios relacionados com a escassez de mão-de-obra qualificada e dificuldade de fixar talentos. As empresas estão a investir em programas de formação e em melhorias nas condições de trabalho para atrair e reter trabalhadores. A situação está a melhorar gradualmente, mas o equilíbrio completo ainda não foi alcançado.

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“Até abril, o setor exportou 151 milhões de euros, tendo transacionado cerca de 575 mil toneladas de produto”

Quais as perspetivas para este ano em termos de inovação? Em que medida consideram que a utilização da Inteligência Artificial e a IoT irão mudar o setor?

A inovação no setor está também focada na adoção de tecnologias de Inteligência Artificial (IA) e em Internet das Coisas (IoT). Estas tecnologias prometem transformar o setor, otimizando processos de extração, melhorando a segurança e reduzindo os custos operacionais. Entre os projetos de inovação neste campo, incluem-se o desenvolvimento de sistemas de monitorização em tempo real e a automação de processos.

Que projetos ou iniciativas destacam ainda para este ano e próximo, que tenham como finalidade última a promoção do setor?

Por um lado, demos continuidade ao Projeto Conjunto de Internacionalização do setor reforçando a presença coletiva das empresas nos principais certames mundiais da pedra natural, desde os Estados Unidos, à China e Itália, tendo ainda neste âmbito previstas iniciativas de promoção da qualidade da pedra portuguesa e do know-how desta industria em eventos distintivos, designados por About Portuguese Stone, a decorrer em Chicago, Nova Iorque, Polónia, Londres e Japão.

Por outro lado, e de forma mais abrangente, inspirados na pedra e nos setores tradicionais nacionais, iniciámos a dinamização de um trabalho com diferentes clusters portugueses, através de uma abordagem experimental de junção de diferentes materiais - com o crivo da sustentabilidade – com o objetivo de aproximar não só profissionais do design a estas indústrias, como colocar os vários setores e PMEs associadas em diálogo, de forma a transferir conhecimento e melhor inteligência económica na competitividade nos mercados internacionais, para gerar atratividade para a pedra portuguesa e para Portugal.

Apoiada pelo PRR e enquadrado na Agenda Verde Sustainable Stone by Portugal, surge assim a marca Broot, sob a qual estamos a produzir peças de design que sublinham o protagonismo da pedra portuguesa, por um lado, e por outro que dialoguem com diferentes materiais, técnicas, contextos e indústrias dando a conhecer, através de uma estratégia de comunicação massiva internacional, novas dimensões na utilização da pedra nacional e da nossa indústria. Esta marca, lançada a dia 12 de julho em Santarém, no II SUMMIT StonebyPORTUGAL, será uma mais valia de promoção internacional do setor junto de segmentos de luxo e de maior valor, prevendo-se iniciar um percurso internacional de promoção que decorrerá entre 2024 e 2025, começando na Arábia Saudita já em setembro, passando por Paris, Nova Iorque, Milão e terminando no Pavilhão de Portugal da Expo Osaka 2025, no Japão.

Finalizando, qual o balanço que fazem do último ano em termos de exportação de pedra natural e quais as perspetivas de evolução do setor para 2025?

O último ano foi positivo em termos de exportações, cujo comportamento final se manteve com valores idênticos a 2022, melhor ano de sempre do setor, apesar dos desafios económicos globais.

A guerra Rússia-Ucrânia, o mais recente conflito no Médio Oriente entre Israel e Hamas, e instabilidade política de algumas das principais economias mundiais devido às eleições nos Estados Unidos, França e Reino Unido têm provocado alguma instabilidade económica e geopolítica à escala global, pelo que as perspetivas para 2024 e 2025 são ainda bastante incertas.

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