Ironicamente, 40 anos depois, são as renováveis que dão um novo impulso a esta ideia, porque os minérios que se pretende recolher, como por exemplo, o agora tão desejado lítio, manganês, ferro, cálcio e outros metais, além de reservas dos chamados nódulos polimetálicos, são usados em baterias de carros eléctricos, turbinas eólicas ou paneis solares. A este interesse renovado pela mineração em profundidade não é alheio nem a escassez destes recursos em terra nem a oposição das pessoas quando eles abundam.
Neste momento existem 30 licenças para esta actividade sucedendo que a extensão da zona alocada a esta ocupa uma área equivalente à da Mongólia ou a cinco vezes o território do Reino Unido. Contudo, que se saiba, pelo menos ainda não existem contratos assinados para a exploração efectiva da actividade.
Outro dado interessante é o facto de a própria União Europeia defender uma moratória no início da mineração em profundidade. A este propósito veja-se a Estratégia de Biodiversidade para 2030, que pode ser consultada em https://environment.ec.europa.eu/topics/nature-and-biodiversity/habitats-directive_en.
Perturbação do fundo do mar
A escavação e medição do fundo do oceano por máquinas podem alterar ou destruir os habitats do fundo do mar.
Isso leva à perda de espécies, muitas das quais não são encontradas em nenhum outro lugar, e à fragmentação ou perda da estrutura e função do ecossistema.
É o impacto mais direto da mineração em alto mar e os danos causados são provavelmente permanentes.
Fluxos de sedimentos
A mineração em alto mar pode agitar sedimentos finos no fundo do mar, criando fluxos de partículas suspensas, o que é agravado pela descarga à superfície dos “detritos da indústria”.
Os cientistas estão a avaliar como essas partículas podem se dispersar por centenas de quilómetros, levar muito tempo para se restabelecer no fundo do mar e afetar os ecossistemas e espécies importantes ou vulneráveis.
Por exemplo, esses sedimentos podem sufocar animais, prejudicar espécies que se alimentam de filtros e bloquear a comunicação visual dos animais.
Poluição sonora
Espécies como baleias, atuns e tubarões podem ser afetadas por ruídos, vibrações e poluição luminosa causada por equipamentos de mineração e embarcações de superfície, bem como possíveis vazamentos e derramamentos de combustível e produtos tóxicos.
Efeitos potenciais
A estes efeitos junta-se ainda a problemática do carbono. “Ao impactar em processos naturais que armazenam carbono, a mineração em águas profundas pode até piorar a mudança climática ao liberar carbono armazenado em sedimentos do fundo do mar ou ao interromper os processos que ajudam a 'coletar' o carbono e entregá-lo a esses sedimentos. Sabe-se que os sedimentos do mar profundo são um importante reservatório, a longo prazo, de 'carbono azul', o carbono que é naturalmente absorvido pela vida marinha, uma proporção da qual é transportada para o fundo do mar à medida que essas criaturas morrem. Vozes do setor pesqueiro também estão se unindo a grupos ambientais para alertar sobre os riscos severos para a pesca, amplificando os pedidos por uma moratória na mineração em águas profundas”, relata o estudo do Greenpeace e que pode ser consultado em: https://www.greenpeace.org/international/publication/22578/deep-sea-mining-in-deep-water/.
Há três tipos de mineração em profundidade
1 - Mineração de nódulos polimetálicos: os nódulos polimetálicos são encontrados na superfície do mar profundo e são ricos em cobre, cobalto, níquel e manganês. Esses nódulos foram identificados como potencialmente de alto valor económico, portanto, foram direcionados para mineração futura. No entanto, pouco se sabe sobre a fauna associada aos nódulos.
2 - Mineração de sulfato polimetálico: os depósitos de sulfato polimetálico são encontrados no fundo do mar a profundidades de 500 a 5 mil metros e são formados nos limites das placas tectónicas e nas províncias vulcânicas. A água do mar passa por rachas e fissuras do leito oceânico, é aquecida e depois dissolve os metais das rochas circundantes. Este fluido quente mistura-se com a água fria do mar, resultando na precipitação de minerais de sulfato de metal que se depositam no fundo do mar. Isso cria uma área rica em zinco, chumbo e cobre.
3 - Mineração de crostas de ferro manganês: as crostas de ferro manganês são ricas em metais como cobalto, manganês e níquel. Essas crostas são formadas nas superfícies das rochas no fundo do mar, presentes na encosta de montanhas subaquáticas a profundidades de 800 a 2500 metros.
engeobras.pt
Engeobras - Informação para a Indústria de Construção Civil, Obras Públicas e setor mineiro