“A Develon é uma grande oportunidade para reforçar a notoriedade da marca”
Em 1973, nascia em Portugal a Centrocar, vocacionada para o comércio e assistência técnica de viaturas pesadas e ligeiras e máquinas industriais usadas. No dia 10 de maio, a empresa completou meio século de vida como um dos maiores distribuidores de máquinas da Península Ibérica. Estas cinco décadas ficam marcadas por aconteceimentos importantes na história da empresa, como a entrada no mercado espanhol, em 2000, a abertura da sucursal de Madrid, em 2003, e o investimento no mercado africano, no final dessa década: Angola em 2008 e Moçambique em 2011.
A Centrocar não é notícia apenas pelo seu 50º aniversário. Desde o dia 18 de janeiro, um novo nome surgiu com força no setor: Develon. Entre as várias marcas que distribui, desde 1997 o nome Centrocar está intimamente associado à Daewoo, que desde 2005 se tornou Doosan. Após o anúncio da aquisição da Doosan Infracore pela Hyundai Heavy Industries em agosto de 2021, o nome da marca sob a holding Hyundai Genuine permaneceu desconhecido. As dúvidas foram esclarecidas no início do ano com a apresentação de Develon, a nova marca com a qual a fabricante coreana quer dar um novo salto. Fernando Almeida, CEO da Centrocar, fala nesta entrevista sobre como a empresa chega a este 50º aniversário, enfrentando dificuldades com muito sucesso, e o que podemos esperar da Develon no futuro.
Fernando Almeida, CEO da Centrocar.
O ano passado foi o segundo melhor ano de vendas do Grupo Centrocar, apenas superado por 2007. Aumentámos as vendas em 11,8 milhões de euros, repartidos igualmente entre África e Ibéria. Em Portugal crescemos 12,5% e em Espanha 10,1%. O primeiro trimestre de 2023 está acima das nossas expectativas nos quatro mercados em que estamos presentes, embora tenhamos notado um abrandamento da procura na Península Ibérica.
Na Península Ibérica, construção e florestal, e em África, obras públicas, minas e agricultura.
Este foi o nosso maior desafio em 2021 e 2022. De 2018 a 2022, os preços subiram até 30% e foi impossível refletir esse aumento integralmente para o mercado. Por isso, fizemos muito trabalho interno para refinar os nossos processos comerciais de vendas, pós-venda, logística e compras para absorver a parte do aumento de preço que não foi passado para o cliente e, assim, não comprometer a nossa margem de lucro líquido.
Não, ainda enfrentaremos muitos desafios nos próximos dois anos. O problema da disponibilidade de componentes permanece e apenas os fabricantes com uma grande percentagem de peças em stock podem geri-lo com maior sucesso.
A aceitação dos clientes é positiva, pois toda essa nova tecnologia melhora a eficiência da máquina ou melhora a eficiência e segurança do operador. Estas melhorias geralmente têm um reflexo no preço. Quando falamos de uma marca líder, os clientes aceitam mais facilmente estes aumentos de preço, já que são economicamente fortes. Para marcas mais económicas, os clientes têm mais dificuldade em pagar mais por estes novos recursos, porque são altamente sensíveis ao preço e podem não dar tanto valor ao impacto positivo de custo que a nova tecnologia pode ter.
Neste momento, nos mercados onde estamos presentes não estamos a sentir uma grande procura de máquinas elétricas, mas a curto e médio prazo estou certo que esta tendência será uma realidade na Península Ibérica. Geralmente, estas tendências começam nos países mais sensíveis à ecologia, como os do norte da Europa, que também são os mais ricos, e só atingem os países do sul quando impostos pela legislação ambiental.
Em África há muitas oportunidades de crescimento e muitos problemas a enfrentar para alcançá-lo. Os desafios são inúmeros: recrutar bons recursos humanos nativos, conhecer a complexa legislação local, encontrar soluções para flutuações cambiais e fontes de financiamento e integrar as diferenças culturais. Estes desafios são tão difíceis de gerir e, às vezes, de entender, que a empresa precisa de ter muitas competências internas para ser bem-sucedida. Apesar de estarmos a atravessar momentos difíceis em ambos os países, a experiência global em África é claramente positiva e satisfatória. Em Angola somos líderes de mercado no segmento da construção, em Moçambique somos líderes de mercado na agricultura e fomos nomeados pela KPMG como a melhor empresa de 2020. Fazer negócios em África é completamente diferente de fazer na Península Ibérica, mas depois de 15 anos de presença, estamos preparados!
Em janeiro de 2023, foi revelada a Develon, a nova marca de equipamentos Doosan.
A Centrocar completou 50 anos no dia 10 de maio e vamos realizar um evento com os colaboradores em simultâneo nas nossas quatro geografias. O nosso objetivo é celebrá-lo com as nossas pessoas, porque elas são uma das principais razões do nosso sucesso. Além disso, haverá um jantar no Porto para os nossos principais fornecedores e um dia aberto para os nossos clientes. Algumas ações de comunicação também serão realizadas nos meios de comunicação.
Como grandes conquistas, destaco o fato de a Centrocar se ter tornado um ótimo local de trabalho para os nossos colaboradores, uma referência para os nossos fornecedores, uma empresa de confiança para os nossos clientes e motivo de orgulho para os proprietários. Com tudo isto em conjunto temos vindo a alcançar resultados notáveis, como ser eleito a melhor empresa de Moçambique em 2020, ser o número 1 em vendas de escavadoras de lagartas e rodas na Península Ibérica em 2021, ser líder por três anos consecutivos em Portugal em vendas de pesados máquinas e durante esses 26 anos como revendedor da Develon (Doosan), fomos nomeados Revendedor do Ano na Europa várias vezes.
Imagino a Centrocar a ser um grupo de 100 milhões a curto prazo e a expandir a sua atividade a mais países.
A alteração da marca Doosan Infracore para Develon gerou um garnde burburinho no setor. Em que é que esta alteração se reflete?
A mudança de nome é claramente uma oportunidade para reforçar a notoriedade da Develon, posicionando-a como uma marca que continua a manter todos os padrões de qualidade da Doosan, mas quer ser conhecida pela sua capacidade de inovar e introduzir novas tecnologias nesta indústria. Depois de algum ruído inicial sobre a fusão da Doosan com a Hyundai ou o fim da Doosan, o lançamento da Develon foi claramente um sinal de que a Doosan/Develon estará no mercado por muito tempo. Até agora, nenhuma decisão estratégica cruzada foi tomada entre a Develon e a Hyundai CE, nem tal afectou o nosso trabalho diário normal. As marcas encontram-se perfeitamente divididas no seio da Hyundai Genuine.
Como é que a Develon irá conviver com a marca Hyundai Construction Equipment?
A Develon não pertence à Hyundai Construction Equipment, e sim à Hyundai Genuine, a Holding da Hyundai HD que administra o negócio de equipamentos de construção. Isto significa que ambas as marcas coexistirão no mercado, com diferentes administrações, fornecedores, fábricas e rede de concessionárias. Partilham o mesmo dono, que certamente encontrará na aquisição de matérias-primas e componentes, na logística e na produção, formas de encontrar as vantagens que estiveram por trás desta compra.
Além das campanhas massivas de comunicação que estão a ser desenvolvidas nas redes sociais e da apresentação na Conexpo, o passo mais importante e sensível de todos será quando as máquinas começarem a aparecer no mercado com a marca Develon.
A partir de abril as primeiras máquinas começaram a levar a marca Develon, embora alguns detalhes continuem a levar a marca Doosan. Até ao final do ano todos os componentes utilizados nas máquinas levarão a marca Develon.
De momento, os clientes estão a aceitar muito bem esta mudança. Eles entendem que Develon é claramente uma continuidade de Doosan. Qualidade, preços, design, rede, equipa, nada mudou. O anúncio de 18 de janeiro da mudança de nome de Doosan para Develon dissipou muitos rumores sobre o futuro incerto da Doosan.
Na Conexpo, a Develon teve numa localização perfeita, perto de todas as marcas de primeira linha. O stand estava fantástico e foram apresentadas todas as novidades que a marca está a trazer para o mercado.
O grande impacto desta mudança será a capacidade financeira da Hyundai Heavy Industries Holding (HHIH) de investir em I&D que o grupo Doosan não tinha. As sinergias entre todos os negócios que compõem a HHIH permitirão à Develon ter acesso a toda a inovação e tecnologia que está a ser desenvolvida dentro da empresa. Melhores preços de matérias-primas e componentes, e fontes de financiamento mais baratas são outras sinergias que influenciarão positivamente a Develon. As consequências de tudo isto serão uma maior competitividade e maiores níveis de qualidade, o que significa um grande futuro.
As primeiras máquinas com o logo Develon puderam ser vistas na Conexpo
Os visitantes da última edição da Conexpo-Con/Agg, a grande feira de máquinas dos Estados Unidos realizada de 14 a 18 de maio em Las Vegas, puderam conferir pela primeira vez as primeiras máquinas com o logo da Develon nos seus chassis.
A nova marca, que resulta da junção das palavras 'Develop' (desenvolvimento) e 'Onwards' (avançar), será incorporada gradativamente aos equipamentos ao longo deste ano com ações de atualização nos concessionários e incorporação dos elementos distintivos na produção de equipamento novo.
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