A terraplanagem pode ser definida como o trabalho que consiste em mover e processar grandes partes da superfície de terreno, com vista a deixá-los planos e nivelados para a construção de obras de engenharia em solo. A escavadora hidráulica será a principal e mais importante máquina para este tipo de operações. No entanto, a EngeObras quis saber junto dos principais players do setor que outros equipamentos dedicados à terraplanagem comercializam e como avaliam este mercado no nosso País.
A finalidade da terraplenagem é aplanar um determinado terreno para vários tipos de construções, como sejam estradas, canais, barragens e preparação do terreno para edifícios ou fábricas. Podemos definir a terraplanagem como uma das principais técnicas da engenharia civil permitindo, deste modo, a construção de obras de engenharia em solo.
As operações de terraplanagem podem implicar diversos tipos de trabalho, nomeadamente, escavação, escavação com movimentação de terras, aterramentos ou aterros, drenagem de solos, demolições e compactação de solos.
Segundo a STET/Caterpillar, o processo de terraplanagem “é fundamental para qualquer construção. Só com uma boa terraplanagem se conseguem edificar, de forma segura, os projetos de construção civil e para isso são necessários equipamentos avançados tecnologicamente que permitam executar com detalhe os cálculos das equipas”.
Para estes trabalhos, utilizam-se uma ampla variedade de equipamentos sendo a mais a mais comum; a escavadora hidráulica.
Além das escavadoras, são utilizados outros tipos de equipamentos igualmente importantes e fundamentais como por exemplo: dumpers, retroescavadoras, cilindros compactadores, pás carregadoras, motoniveladoras, pavimentadoras, entre muitos outros.
O mercado de equipamentos de terraplanagem em Portugal é “claramente dominado pelas miniescavadoras, representando este segmento uma importância de 45% a 50% do mercado total de máquinas industriais”, no entender da Entreposto Máquinas.
A aposta em novas tecnologias mais amigas do ambiente e mais eficientes “será a nova tendência do mercado”. A Espaço Mecânico realça que os equipamentos com recurso a baterias elétricas já oferecem, atualmente, maior fiabilidade e potência operativa, quando comparados com as tradicionais máquinas motorizadas a diesel.
Consultando as empresas mais representativas destes equipamentos, a EngeObras constatou que este é um setor onde a competitividade e inovação são fator chave, mesmo num mercado com grande instabilidade.
Entreposto Máquinas
A empresa possui uma vasta variedade de equipamentos para o setor de terraplanagem. Representam a marca Case que, na sua panóplia de produtos, disponibiliza no nosso país
na gama compacta, três modelos de retroescavadoras (com potência entre os 98cv e os 110cv), miniescavadoras (com peso operativo entre as 1.2 ton. e as 6.5 ton), mini pás carregadoras (de rodas e de rastos, com braço carregador radial e vertical e peso operativo entre os 2.850 kg e os 4.500 kg) e pás carregadoras compactas (peso operativo entre as 5.4 ton. e as 6.7 ton.).
Já na gama pesada, a marca contempla uma ampla gama de produtos, compostos por escavadoras de rodas e de rastos (peso operativo entre as 9.0 ton. e as 75.0 ton), pás de rodas (peso operativo entre as 11.0 ton. 30.0 ton.), motoniveladoras (com tração 4WD e AWD, controlo por volante ou joystick) e bulldozers.
Segundo o gestor de produto da Entreposto, João Abel, o mercado de equipamentos pesados em Portugal regista “uma importância de 30% do mercado global, e as escavadoras hidráulicas de rastos são, claramente, a linha de produto predominante, registando-se uma tendência em crescente na procura por este tipo de equipamento”.
Neste sentido, a empresa prevê em 2023 trazer uma série de novidades Case das quais destaca o regresso das mini pás carregadoras de rodas e de rastos, com 90 cv, com a atualização Stage V (1); introdução dos novos modelos de pás carregadoras compactas série F Evolution; introdução dos novos modelos de escavadoras de rastos e de rodas série E; novos modelos de mini-escavadoras série D e novos modelos de motoniveladoras com controlo por joystick.
A empresa representa também em Portugal os martelos hidráulicos Okada, dumpers articulados Bell e cilindros compactadores Weycor.
Espaço Mecânico
Como principal novidade, a empresa trouxe, no passado mês de março, a representação em exclusivo da marca Firstgreen para Portugal. Tanto destinada para movimentação de terras bem como de cargas, destaca-se a pá carregadora elétrica Elise 900.
A principal característica desta máquina, segundo o gestor de negócios da Espaço Mecânico, António Lopes, está “na poupança de custos que este equipamento traz, de 95% se comparamos com modelos equivalentes a diesel”.
Equipada com bateria de 96 volts, incorpora três motores trifásicos, sendo um deles dedicado em exclusividade as operações hidráulicas (movimentação da lança e balde respetivamente). Para António Lopes, o motor dedicado “permite até obter mais força e potência” que muitos modelos tradicionais existentes no mercado.
Pá carregadora elétrica Elise 900, da Firstgreen, a nova representada da Espaço Mecânico.
A máquina tem um consumo de 4,8kWh, sendo que o custo médio por unidade é de 0,18 euros/kWh (um modelo a diesel este consumo médio é estimado em 1,65 euros/lt).
Por outro lado, o consumo de energia anual estimado é de 647,81 euros sendo que uma máquina equivalente a diesel o custo médio de gasóleo para 750 horas de operação é superior aos 8 mil euros. A máquina permite operação e controlo através de uma consola e também por via de uma simples App a ser instalada no telemóvel.
A poupança também é refletida nas operações de manutenção. António Lopes refere, por exemplo, que o equipamento pede na sua manutenção normal apenas a mudança do óleo hidráulico ou água destilada na bateria. Esta, tem uma vida útil de até 7.500 cargas sendo possível a sua troca junto do representante da marca.
Com atividade há 30 anos, a Espaço Mecânico trabalha há 16 com marcas exclusivas como a Bobcat, Doosan, Ausa, Haullete e MST.
Maquinter
A empresa possui uma gama ligeira composta pelos equipamentos em que o operador trabalha a pé e a gama pesada em que o operador trabalha sobre o equipamento.
No segmento ligeiro, os equipamentos mais vendidos em Portugal são os saltitões, placas mono direcionais e cilindros apeados de duplo rolo.
No segmento pesado, o destaque vai para os cilindros de 1.200 mm duplo rolo, cilindros de 14 toneladas, cilindros de terras de 16 ton, fresadoras de asfalto (1.300 e 2.000mm) e as pavimentadoras da gama 700 ton/hora.
O setor de terraplanagem representa cerca de 30% das vendas da empresa, tendo tido um aumento de volume significativo nos últimos cinco anos.
Para o diretor-geral da Maquinter, João Gouveia, “até 2022, este mercado manteve um volume de vendas constante e esperamos que, em 2023, se mantenha um nível de confiança que permita uma continuidade no investimento em novos equipamentos”. Acrescentando ainda que os clientes “valorizam o facto de estarem a adquirir um produto mais fiável e com uma garantia de maior disponibilidade eletromecânica para os seus projetos, resultando em menos tempo de paragem e melhores performances”.
Moviter
Os equipamentos de movimentação de terras constituem, há muitos anos, a maior fatia das vendas da empresa, com percentagens que têm variado entre os 40 e os 50%.
Representante em Portugal da marca Hitachi, a Moviter destaca a escavadora de rastos de grande porte da série Zaxis. As escavadoras estão equipadas com linha de martelo, ar condicionado, câmaras laterais e traseira, engate rápido hidráulico. Para trabalhos em minas ou terrenos difíceis, as máquinas podem utilizar o balde de rocha reforçado. Incluem ainda (configuração original de fábrica) sensores de óleo de motor e do óleo hidráulico, um sistema de controlo de qualidade patenteado pela marca japonesa.
O serviço após venda inclui os sistemas de monitorização e telemetria ‘Owner’s Site’ e ‘ConSite’ enviam diariamente dados operacionais por GPRS ou satélite, da escavadora para www.globaleservice.com. Essa informação inclui localização, horas de trabalho, relação entre horas e modos de trabalho, consumos, alertas, entre outras. Assim, o cliente pode otimizar a logística, aumentar a eficiência operacional e reduzir custos além de ter alertas em tempo real sobre problemas que possam surgir na máquina.
Da mesma marca, está também disponível uma variedade de miniescavadoras que incorporam ar condicionado, linha de martelo, rastos de borracha e engate rápido. As miniescavadoras têm a sua disposição três tipos de baldes (escavação, vala e limpeza).
Relativamente ao mercado nacional, Rui Faustino, diretor-comercial da Moviter, considera que a “subida das taxas de juro, os constrangimentos logísticos no fabrico e transporte dos equipamentos e a tensão política na Europa influenciam negativamente um período que se esperava de crescimento económico robusto, com um aumento proporcional do volume de obras públicas e da venda de equipamentos. Se a estes fatores somarmos a demora no lançamento das grandes obras no nosso país, as perspetivas serão de redução do investimento neste tipo de equipamentos”.
Para trabalhos de movimentação de terras, a empresa também dispõe de pás carregadoras, dumpers rígidos, motoniveladoras, compactadores (cilindros de terras Hamm) e minipás carregadoras Avant.
STET/Caterpillar
Representante de uma marca amplamente conhecida a nível mundial, a STET refere que ao nível de pás de rodas médias, as mais representativas e com maior procura no mercado nacional são as CAT 950 ou as CAT 962. Já no segmento das motoniveladoras as que revelam maior procura são as CAT 120 e as CAT 150. Relativamente aos tratores de rastos o ‘best seller’ da marca é o modelo D6. Os modelos D7 e D8 são procurados para projetos e investimentos de maiores dimensões em Portugal.
Segundo a empresa, nas máquinas de terraplanagem, o que os clientes mais procuram “são as tecnologias simples de utilizar”, reforçando que a tendência aponta para “máquinas a trabalhar de forma remota, com e/ou sem operadores”.
A marca refere o forte investimento tecnológico na automação. Não demorará “muitos anos até termos locais de obras sem operadores. Basta imaginar uma obra com máquinas programadas, sem acidentes de trabalho e com resultados precisos ao milímetro. Porque são máquinas. Somente com supervisão humana que também ela pode ser feita remotamente”, assinala a empresa.
Como exemplo, a STET aponta que “tem operadores nos Estados Unidos a operar máquinas noutros países. Já temos um caso piloto em Málaga (Espanha) a operar equipamentos remotamente noutro país”.
Segundo dados mais recentes da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), em 2020 houve um decréscimo nas vendas de máquinas destinadas de terraplanagem. A desaceleração das vendas foi na ordem dos -39,1% em comparação com os dados do ano anterior.
Foram vendidas um total de 551 máquinas (905 foram vendidas no ano de 2019) sendo que, deste total, 292 foram escavadoras hidráulicas (de rodas e de rastos), 134 retroescavadoras, 103 pás carregadoras de rodas e sete dumpers.
Nesse ano, não foram vendidas motoniveladoras (o maior registo de vendas de motoniveladoras em Portugal aconteceu no ano 2000, com 48 unidades).
Relativamente aos equipamentos para compactação de terras, dados da ACAP revelam que, em 2020, foram vendidos 68 equipamentos (saltitões, placas vibratórias) destes, foram vendidos 20 cilindros vibratórios automotriz.
No seu total, e tendo em conta os diversos tipos de equipamentos, nesse ano, encontravam-se registados em circulação 31.500 máquinas de movimentação de terras, sendo que, destas, 23.469 têm mais de 10 anos de uso (75% do total).
(1) Stage V – legislação europeia que limita a emissão de gases contaminantes à atmosfera por parte dos motores.
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Engeobras - Informação para a Indústria de Construção Civil, Obras Públicas e setor mineiro