BO1 - EngeObras

ENTREVISTA 25 Hoje, o foco incidemais no desenvolvimento de novas infraestruturas ou na manutenção/recuperação/reabilitação das infraestruturas existentes? Construção nova e manutenção/reabilitação são duas realidades complementares e que são crescentemente assumidas como tal. Se olharmos para a evolução recente do segmento habitacional, verifica-se que há um crescimento global, tanto ao nível da construção nova, como das intervenções de reabilitação e manutenção de imóveis habitacionais. Nos últimos três anos, ou seja, no período compreendido entre 2019 e 2021, o valor bruto da produção de edifícios residenciais novos cresceu 18,6%, e a produção referente à reabilitação e manutenção, que inclui todo o tipo de intervenções, incluindo as obras que não carecem de licenciamento, aumentou 27,8% e o seu peso na produção residencial aumentou de 39%, em 2019, para 41,5% em 2020 e 41,8% em 2021. Há necessidade de recuperar o património habitacional e de melhorar os seus níveis de conforto e eficiência energética, mas, também, de construir casas novas e aumentar a oferta habitacional. No que diz respeito às infraestruturas, o investimento público na redução da dependência dos combustíveis fósseis e na promoção da eficiência energética e da economia circular, da reabilitação urbana e das cidades inteligentes é essencial. Para isso, é preciso investir mais, tanto na construção de infraestruturas novas como na reabilitação e modernização das existentes, com um adequado aproveitamento de recursos comunitários provenientes de uma Europa que também assumiu estes objetivos. Existemdados que nos permitamsaber que volume de investimento será afetado a este setor nos próximos anos em Portugal? Falamos apenas de investimento público ou as parcerias público-privadas desempenharão um papel importante? Sim, temos o Programa Nacional de Investimentos - PNI 2030, que é o instrumento público de planeamento do próximo ciclo de investimentos estratégicos e estruturantes, que vai para além do PRR, já que abrange um período mais alargado, até 2030, e prevê outras fontes de financiamento, num total de praticamente 43 mil milhões de euros. O investimento privado, mediante concessões marítimas, rodoviárias, na área da energia e do ambiente, representa 14,2 mil milhões de euros, ou seja, cerca de um terço do total previsto, pelo que continuará a representar um papel importante neste domínio. Que projetos de infraestruturas são mais suscetíveis de impulsionar o setor nos próximos anos? De acordo com o PNI 2030, o setor dos transportes e mobilidade é o mais expressivo com 21,7 mil milhões de euros de investimentos planeados, em que a ferrovia representa 10,5 mil milhões de euros, ou seja, 25% do total e a mobilidade sustentável e transportes públicos, onde se incluem projetos como a consolidação das redes de metro, totaliza 5,8 mil milhões de euros, o que corresponde a 14% do PNI. Ainda neste domínio, a rodovia e o aeroportuário abrangem, respetivamente, 2 e 2,1 mil milhões de euros. Já no que respeita à transição energética, estão planeados investimentos de cerca de 13 mil milhões de euros, envolvendo as redes de energia, o reforço da produção de energia renovável, a eficiência energética e os gases renováveis. Os setores da sustentabilidade ambiental (ciclo urbano da água, gestão de resíduos, proteção do litoral, entre outros) e o regadio totalizam cerca de 8,2 mil milhões de euros. Na perspetiva da AICCOPN, quais são as principais barreiras ou travões a ummaior e/ou melhor crescimento do setor em Portugal? De acordo com o nosso último inquérito à situação do setor, relativo ao 4º trimestre de 2021, os dois principais constrangimentos à atividade que as empresas apontam são a falta de mão de obra qualificada - recordo, está identificada a necessidade de 80 mil trabalhadores no setor -, e a subida abrupta dos preços das matérias-primas, da energia e dos materiais de construção, situação que foi severamente agravada com a eclosão do conflito armado na Ucrânia. São duas questões que têm, na sua origem, fatores explicativos muito diferentes, mas, em conjunto, estão a afetar severamente as empresas e exigem-se soluções concretas porque, como temos afirmado, não podem colocar em causa a estratégia de recuperação da economia portuguesa e a implementação dos investimentos em curso e planeados.

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